aceitando a sua incompletude.

Borboleta bebe néctar com probóscide

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros (1916 – 2014) foi um grande poeta brasileiro do século XX. Com uma linguagem simples, ele conseguiu trazer reflexões profundas e poéticas em temas cotidianos.

  • No poema destacado, o leitor já é fisgado pelo título: como seria possível traçar a biografia de um orvalho?

Pra quem não sabe, orvalho é um fenômeno físico, mas o seu conceito pouco importa. O relevante aqui é que ninguém se interessa pela vida de algo que não tem vida.

Muitas vezes, pensamos que o problema está na falta de equilíbrio ou em ter uma vida inconstante, mas qual a graça de seguir uma rotina que não nos leva a lugar nenhum?

A grande questão não está na falta de clareza sobre o objetivo, mas na falta de questionamento sobre o caminho traçado — mesmo que o destino ainda não esteja definido.

  • Você está aproveitando os seus dias ou apenas dando “check” em uma lista de tarefas que foi criada pra você?

Seja em um relacionamento ou na sua vida profissional, seguir um rumo que já parece pronto é sempre mais fácil. Porém, nada se compara à coragem de se reinventar.

Antes de cumprir uma lista de tarefas, comece aceitando a sua incompletude. Como já dizia Raul Seixas, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.