o seu amor ideal

Vai que dá

Depois de quase desistir da Carol, sua terapeuta pediu pra que ela fizesse um exercício: descrever, com todos os detalhes, o seu homem ideal. Se ele é vegano, tem um olho de cada cor, o que ela quisesse.

Em 2013, então, a Carol escreveu o seguinte:

Eu quero que ele seja alto. Que tenha um sorriso bonito. No rosto todo. Cabelo cacheado. Quero que a gente tenha química. Que a gente adore encostar um no outro. Eu quero que ele goste de praia. E de me levar para viajar. Quero que ele tenha um cachorro. Quero que ele goste de praticar esportes. Que ele faça cafuné gostoso e goste de fazer massagem em mim. Quero confiar nele. Que ele me passe segurança, mas me dê frio na barriga. Quero que ele goste de me colocar no colo. E que a gente tenha piadas internas. Que ele me leve pra lugares novos e de bom gosto. Que ele seja apaixonado por mim e eu por ele. Que a gente sinta saudade mesmo tendo se visto na noite anterior. Ele tem um olhar lindo. E um cheiro natural muito gostoso. De praia. Ele gosta de café preto. Ele vai ser o melhor pai do mundo. E vai ser viciado em me beijar. Nós vamos viajar muito. Talvez por uns 3 meses seguidos. Ele tem a pele dourada. E eu fico pequena perto dele, mas ele me vê em toda a minha grandeza. Eu amo ele. Ele me ama mais que tudo.

Alguns anos depois, ela conheceu o “homem Ibérico”. É sério, ele se autointitula assim e diz que restam poucos homens Ibéricos caminhando sobre a superfície da Terra.

  • Ela o notou na primeira vez em que o viu. Que, na verdade, era a segunda vez que ele a via.

O Fer — ou “homem Ibérico” — já tinha tentado dar match com a Carol no Tinder, mas aparentemente passou batido pelo seu polegar.

Ela estava na morando na Espanha, e ele tinha começado a trabalhar na sua agência dia 1 de abril de 2019. Um ano depois dela. Parece mentira. Mas de perna curta, nessa história, só tem a Carol.

Ela achou ele interessante de cara: alto. Sorriso bonito. No rosto todo. Cabelo cacheado. Já escutou essa descrição?

  • Acontece que, mesmo percebendo todos esses detalhes, a Carol hesitava
  • “ele é do seu trabalho. Vocês se veem todo dia. Isso não vai dar certo”.

Mas aí ela também se deu conta de que fazia tempo que sempre preferia estar nos lugares quando ele estava. Que ria mais alto que o resto quanto ele fazia uma piada.

Percebeu que, se pudesse, sempre queria sentar ao lado dele, para que os seus braços não os tocassem, por pouco.

Nessa amizade que foi crescendo, a Carol foi passar o final de semana na casa do Fer com alguns colegas. Chegando lá, descobriu que ele tinha um cachorro, tomava café preto e lhe dava frio na barriga.

  • Quando a noite caiu, ela foi dormir na sua “cama de amiga”, com seu “pijama de amiga”. Até que o Fer deitou ao lado dela, e disse que tinha um problema.

Ele queria roubar um beijo. Pronto, solucionaram esse problema rapidinho — e, a partir dessa noite, dormiram todas as outras juntos.

Juntos, aliás, é o que eles mais estão. Moram juntos. Trabalham juntos. Cozinham juntos — ele cozinhando, e ela comendo. Juntos é onde a Carol quer estar.

E não só no sentido físico. Mas de saber que tem um parceiro, uma equipe. Que um pilota e o outro olha o mapa. Um acorda de mal humor, o outro faz o café. Juntos até o fim do mundo.

  • Juntos eles também saíram da Espanha e vieram morar no Brasil. O Fer mudou de país, de carreira e de idioma, mas diz que tirou tudo de letra.

Em seu segundo Réveillon por aqui — já encantado com todo o combo de tradições brasileiras —, ele cismou que tinha que pular as 7 ondinhas: “Carol, eu prometi pra Yemanjá”.

Depois do último pulo, ela se virou e viu o homem Ibérico ajoelhado no mar. E ali, debaixo da lua, com a benção de Yemanjá e sem mais ninguém de testemunha, a Carol disse o seu primeiro “sim” do ano.

Decidiram se casar no Brasil e o Cristo Redentor parecia um lugar onde todos os amigos estrangeiros já iriam, de qualquer forma — “bora ticar esse rolê turístico da lista deles”.

A Carol prefere não se alongar muito sobre o casamento, mas conta que foi um dos momentos em que se sentiu mais perto de Deus: ao redor deles, era puro amor. Foi bonito por natureza. Mas que beleza.

  • Depois das bençãos do padre carioca, que celebrou a missa direto do treino de futevôlei, eles desceram para um quiosque na praia.

E a festa foi assim: amigos do Brasil, da Austrália, de Berlim e da Espanha. Todo mundo de pé na areia curtindo uma banda de samba, com muita caipirinha, água de coco e cervejinha.

É claro que a vida continua tendo seus momentos difíceis, mas o Fer tem um segredo pra amenizar isso: todos os dias, antes de dormir, ele pergunta pra Carol qual foi a melhor coisa do dia dela.

Todos os dias, sem exceção. Desde o primeiro dia. Mesmo nos dias ruins. Mesmo nos dias tristes. Cada dia tem algo que foi o melhor dele.

Como a Carol disse em seu discurso no casamento, seu homem Ibérico nem sempre aparece no melhor momento do seu dia. Mas ele é, com certeza, a melhor coisa que apareceu na sua vida.