Mundo Imaginário

Histórias são como folhas que voam com o vento, não sabemos de onde vem e para onde vão. Raramente uma folha acaba grudando na gente, e nos perguntamos “como ela veio parar aqui?”

A Gabriela foi pra mim um sonho de novela. Desejei por anos viver um romance digno de telas, e desde quando nos falamos pela primeira vez, fiz de tudo para que isso fosse verdade.

E realmente foi… Todos os encontros que tivemos, desde o primeiro até o último, foram cenas de filme. Cada conversa, cada olhar, cada frase trocada, cada encontro e cada desencontro.

Realizei todos os meus desejos, desde um beijo icônico no coreto da Praça da Liberdade com versos de “amor” trocados, até sofrer e chorar na cama por um amor “idealizado”.

  • Como bom contadoror de histórias, minhas amigas sempre falam que eu me apaixono pelo simples desejo de amar.

Não é que não tenha gostado da Gabriela, mas viver com a alma de poeta é perigoso. A gente troca o presente simples pelo futuro do pretérito. Se perde entre a realidade e “o que poderia ser”.

Spoiler: Isso não é uma história de amor. Mas poderia ser, se o universo quisesse. Mas ele não quis. E hoje sou grato por isso.

Os meses se passaram e a distância não ajudava, mas a vida queria que a gente vivesse alguns momentos únicos, com datas perfeitamente cruzadas para nos encontrarmos pelas cidades, mesmo que por algumas horas, e para alimentar minha fantasia interna.

  • Quando isso acontecia, era lindo: conversas eternas sobre vida, anseios, sobre música, sobre tudo… Versos infindáveis de um caderno de composições.

Passávamos as noites em claro, aproveitando cada minuto que tínhamos, pois sempre eram contados. Imagine todos os possíveis clichês de filmes de romance e coloque em cenas reais.

O universo ajudou muito, até certo ponto. Mas quando eu percebi que a gente ficaria como historia, tentei insistir no enredo. Gostava de ter aquelas páginas ali, pra ler antes de dormir, sabe?

Mas o tempo mudou, o vento soprou, as páginas viraram. Vivemos outros romances, outros capítulos.

Em um dos nossos últimos encontros, escrevi uma carta que coloquei no bolso dela com um poema, cujo título foi “Mundo Imaginário”. Era sobre um amor improvável que aconteceu, mas não durou. que acabou se tornando uma bela música na linda voz de minha grande amiga Pêtra.

Todas as possibilidades, todos os futuros, couberam ali naqueles versos trocados, naquelas palavras escritas. Não precisávamos dizer mais nada um pro outro. Independente do que foi, e do que não foi, a música foi escrita e isso bastava para eternizar o “quase” que vivemos.